segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Esse é meu


Desconto de fadas



Era uma vez três princesas outro dia, em uma cidade qualquer, em um restaurante da moda.

Chega Aurora. Cinderela e Branca de neve já estão na mesa de sempre.

-          Desculpa o atraso meninas. Acabei acordando tarde. Passei a noite revisando as roupas para o desfile na Fashion Week esse fim de semana.

-          Tudo bem – Diz Cinderela – não vou poder ficar muito tempo.Sabe a Chapeuzinho vermelho? Sou advogada dela. Ela esta sendo acusada de planejar a morte da vó para ganhar a herança.

-          Mas não foi o namorado dela vestido de lobo?

-          A branca não seja sonsa! Você não acha estranho o namorado fazer isso? O que ele ganharia? – Pergunta Aurora.

-          Eu prefiro acreditar nos outros!

-          E por isso quase morreu envenenada! – Cinderela fica impaciente:

-          Já chega ! Parem de agir como crianças!

-          Tá bom, tá bom! Diz Aurora e Branca de neve.

As três fazem os pedidos. Enquanto esperam, começam a falar de Alice, que saiu há pouco tempo da re-habilitação. De novo.

Branca de neves diz:

-Só faz um mês e ela voltou para casa depois de 3 dias na cracolândia. Apareceu com uma historia que seguiu um coelho de relógio e caiu num buraco.

- Adolescente só da trabalho! Por isso não tive filhos! Diz Cinderela.

Branca e Aurora trocam olhares sem Cinderela perceber. A fofoca é que ela tentou de tudo até descobrir que não podia engravidar.

-          É difícil, mas se não fosse pelo meu filho o divorcio teria sido insuportável. Foi ele  que me manteve de pé – Diz branca.

Branca se separou após descobrir que o “príncipe” na verdade era um mafioso, envolvido até com a Cosa Nostra.

O que não a impede de aceitar sua gorda pensão.

-          Mas também tenho pavor da fase da adolescência. Lembram de quando eu era mais nova e participei daquele reality show em que fiquei com 7 caras numa casa durante 1 mês?

-          Você era bem louca! Comenta Aurora – Depois foi para Las Vegas e se casou com o primeiro que apareceu.

-          Você tem sorte que o bebe é a cara do seu ex! Brinca Cinderela.

Os pratos chegam.

-          Sabe de uma coisa Branca? Acho que você deveria trabalhar – Diz Cinderela – Quando me casei o que me salvou foi meu emprego. O príncipe deixou bem claro, logo na lua de mel que eu deveria cuidar da casa. Como se eu fosse me sujeitar a isso de novo. Se fosse para ser escrava eu não precisava sair de casa.

-          É verdade! Exclama Aurora – Quando me casei achei que deveria aproveitar a fortuna que eu nem sabia que tinha, mas só fazer compras e dormir cansa.Logo depois do casamento Felipe me disse que eu deveria expandir meus horizontes e como sempre gostei de costurar  resolvi abrir minha butique.

Na verdade, “logo depois ”foi após 1 ano de casamento quando o príncipe disse:”Estou cansado de uma mulher que só dorme e faz compras! Vê se arruma um emprego, pelo amor de Deus ” e cortou sua mesada.

-          Ah, para vocês é fácil! Eu não sei fazer nada!

-          Podia voltar a desfilar – Diz Cinderela.

-          Aos 30? Alfineta Aurora.

-          Ei!!! Tenho 27 anos! Mente Branca – mas depois de 5 anos quem iria me contratar?

Cinderela e Branca olham para Aurora.

-          Ah não! Não,não mesmo! De novo, não!

-          E por que não? Me da um motivo!

-          Todo mundo só falava de você caindo de bêbada no meio da passarela nada sobre as minhas roupas.

-          Me dá outro motivo.

-          Não trabalho mais com amigas, não dá certo.

-          Mas eu não sou sua amiga, você nem gosta de mim!

-          Ah, isso é verdade – Cinderela diz pra Aurora.

-          Então o motivo é esse,não gosto de você! Se vira, descubra o que gosta de fazer e faça.

Branca fecha a cara. Arranjar um emprego sozinha dava muito trabalho. Olha para Cinderela como quem pede ajuda.

-     Bom, eu posso ver se tem alguém precisando de alguma assistente – Diz Cinderela.

Branca sorri em agradecimento, mas um empreguinho de assistente era o máximo que Cinderela podia fazer? Tão sem graça, sem glamour!

Terminada a refeição e dividida a conta as 3 amigas começam a se despedir.

-          Tchau garotas, tenho que voltar ao escritório.

Aurora também se levanta rápido para não ficar para trás com Branca, que acha terrivelmente mimada.

Como se ela também não fosse.

-          Tchau gente.

-          Tchau, eu te ligo Cindy.

-          Ok – Diz Cinderela, já arrependida. Detestava fazer favores e arrumar emprego para desajeitada da Branca seria um trabalho hercúleo.

E assim, cada uma vai embora em suas limusines menos Cinderela que prefere dirigir seu próprio carro.

Priscila Sampaio da Silva 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A época da Inocência

Nesse livro Edith Wharton fala do triângulo amoroso entre Newland Archer, sua noiva May e a condessa Ellen Olenska, prima de May.
Na história, Archer é um rapaz vivendo a vida do jeito que a sociedade exigia e sentindo bem com isso pois não conhecia outra maneira. Noivo da bela May ele é atraído pela recém divorciada Ellen Olenska que chega causando comoção em Nova York. É interessante ver como ao entrar em contato com Ellen, Archer começa a se questionar sobre a sociedade hipócrita em que vive que permite qualquer deslize dos homens e até espera por isso e quer perfeição da mulher. Ele começa a perceber que viveria uma vida sem nada extraordinário, apenas uma vida correta.
Quando li o livro pensei: Será que o mundo não muda nunca? Tanto naquela época(1870)como hoje em dia, as pessoas podem fazer o que quiserem desde que escondam e não sejam. Ainda evitamos os assuntos que nos desagradam mas adoramos fofocas e no livro quase dá para ouvir os sussuros.
As partes que mais gosto do livro são:
Archer fugindo de Olenska, quando ela o chama e ele vai até a noiva para adiar o casamento.
May tão perfeita e boa moça mas sabendo jogar para manter seu casamento de uma forma bem delicada sem escandalos.
Ellen abrindo mão de seu amor pela prima. Sempre achei que ela não queria que as pessoas estivessem certa sobre ela, pois apesar do seu casamento fracassado nunca havia feito nada de errado.
Archer tentando ensinar a May a pensar e ter sua própria opinião mas desistindo ao perceber que ela apenas diz o que ele quer ouvir e que acabaria sendo como sua mãe e ele como seu pai.
Gosto dos personagens ambíguos nem bons nem maus apenas humanos, da forma como critica a sociedade tão perfeita na superficie.